Uma apresentação
Em Quiçaças e agouros, Leo Almeida reúne textos curtos, em sua maioria contos, com breves incursões por formas poéticas. Tendo como princípio a tensa articulação entre a realidade social e a dimensão psicológica ou existencial dos personagens, alguns desses contos apresentam um viés mais realista, ao passo que outros são mais insólitos.
Em todos os contos, transpira uma ideia de resistência, que poderia ser a palavra-chave do livro, em uma constante busca da vida que falta, ou da poesia que falta. As tramas se passam em lugares variados do mundo, ainda que haja um particular apreço pelo espaço latino-americano. Os personagens, por sua vez, provêm de diferentes mundos, são humanos, ou animais como cães, gatos, moscas, formigas, mas também vegetais como as laranjas sanguíneas, e até um inumano porta-voz dos sistemas operacionais de I.A. Às vezes, como através do rugido da onça emitido pelos lutadores indígenas ao dançarem circularmente, alguns desses mundos se tocam, criando a visão de “um mundo melhor onde a luta e a existência são uma festa”.
Paula Glenadel
Realização
